Mancala (do árabe naqaala - "mover") é na verdade a denominação genérica de aproximadamente 200 jogos diferente. Originário da África, onde teria surgido por volta do ano 2.000 antes de Cristo (para alguns o jogo tem mais de 7.000 anos), é jogado atualmente em inúmeros países africanos, mas já extrapolou as fronteiras deste continente.
Um autor de nome De Voogt (citado por Lino de Macedo e outros, em seu livro "Aprender com Jogos" - Ed. Artmed - 2000) afirma que o jogo teria duas vertentes: uma asiática, mais simples e jogado principalmente por mulheres e crianças; e a vertente africana, com regras mais complexas e variadas, jogada principalmente por homens.
De Voogt afirma que algumas versões da mancala seriam mais complexas que o xadrez, já que se neste uma peça é movida por vez, na mancala, em todas as suas versões, são movidas diversas peças de cada vez, modificando constantemente a configuração do tabuleiro.
Trata-se de um jogo com profundas raízes filosóficas. É jogado, habitualmente, com pequenas pedras ou com sementes. A movimentação das peças tem um sentido de "semeadura" e "colheita". Cada jogador é obrigado a recolher sementes (que neste momento não pertencem a nenhum dos jogadores), e com elas semeá-las suas casas do tabuleiro, mas também as casas do adversário. Seguindo as regras, em dado momento o jogador faz a "colheita" de sementes, que passam a ser suas. Ganha quem mais sementes tiver no final do jogo. É um jogo em que não há sorte envolvida, mas exclusivamente raciocínio lógico e matemático.
Geralmente é disputado por duas pessoas, mas existem variantes para até seis pessoas.
No mesmo livro mencionado acima, são colocadas como características comuns dos jogos de Mancala, segundo Odeley:
a) São jogados por duas pessoas, uma em frente à outra, com o tabuleiro longitudinalmente colocados entre elas;(*)
b)Antes de começar o jogo, o mesmo número de sementes é distribuído em cada uma das cavidades do tabuleiro;
c) Os jogadores se alternam para jogar, distribuindo as sementes da cavidade escolhida, uma a uma, no sentido anti-horário, nas cavidades subseqüentes;
d) Sempre há captura de sementes, sendo a forma de captura diferente, dependendo do jogo em questão
e) A partida termina quando restam muito poucas sementes para o jogo continuas ou quando resta apenas uma semente em cada lado;
f) Ganha quem tem o maior número de sementes;
g) As estratégias do jogo envolvem movimentos calculados, que exigem muita concentração, antecipação e esforço intelectual;
* - esta característica não é absoluta, na medida em que existem variações para mais de dois jogadores.
O tabuleiro pode ser extremamente simples (como buracos no chão), podem ser toscamente esculpidos em madeira ou finamente trabalhados. Diz-se que antigos Marajás indianos, jogavam em tabuleiros decorados, usando como peças, pedras preciosas.
O tabuleiro ao lado foi feito por um artesão de Campos do Jordão, de nome Donizete (0xx12 3664.9460) que num pedaço de madeira nobre, entalhou um tabuleiro para mim. De forma proposital, pedi que o tabuleiro fosse rústico, em homenagem as origens simples do jogo. O resultado encontra-se ao lado.
Como peças, comprei "cascalho" de pedras coloridas. Oresultado ficou bem legal...
Já o tabuleiro ao lado foi feito pelo artesão Zampa. Vale observar-se o delicado trabalho de marchetaria. O desenho formado lembra desenhos africanos e as divisões de um campo agrícola. As casas, não são redondas, tendo o formato de um "meio cilindro", o que facilita o ato de pegar-se as pedras. Estou usando efetivamente "pedras" para jogar. O resultado ficou muito bonito.
O tabuleiro ao lado é de fabricação do Septimio. Na distante Belém do Pará, ele vem produzindo belas peças de aço e de madeira. Neste caso, o tabuleiro é de aço inox e as peças são pequenas pedras coloridas.
A fim de quebrar um pouco a "frieza" do aço, sugeri a ele que inclua, ao invés de pedras, sementes de plantas amazônicas. Ele acolheu a sugestão, afirmando que vai fazê-lo.
Do ponto de vista da "jogabilidade", o tabuleiro tem o tamanho ideal, e as casas tem o formato certo, permitindo a rápida colheita das peças.
Uma coisa que me parece interessante, do ponto de vista decorativo da peça, seria fazer uma "moldura" em madeira, para encaixar o tabuleiro de metal. Vamos ver se consigo alguém para fazer isso.
Na 6ª Festa do Peão de Tabuleiro, tive a oportunidade de apresentar o meu tabuleiro para os amigos que participaram da festa.
Ao lado, eu (de azul) e o Alexandre Tauszig, mais conhecido por "CB".
Sobre a foto, vale lembrar o comentário do fotógrafo, o Ricardo Christe:"olha o contraste de um jogo milenar, ao lado de um moderníssimo telefone celular"...
Algumas tribos jogam a mancala tão somente durante o dia, deixando o tabuleiro para fora de casa a noite, para que os deuses também possam jogar e, assim, com sua intervenção, favorecer as colheitas. Outras tribos não jogam mancala a noite, pois acreditam que nesta hora, espíritos de outro mundo virão jogar também, levando então a alma dos jogadores embora.
No Suriname, o Awari, uma das variantes do mancala, na véspera de um enterro, para distrair o morto. Depois do enterro, o tabuleiro é jogado fora.
É jogado indiscriminadamente por homens, mulheres, crianças, ricos e pobres. Mas nunca a dinheiro, já que seria uma de suas regras éticas (não escritas) que a mancala é jogada para se saber quem é o melhor e não para se obter ganhos financeiros.
Uma lenda interessante: uma das versões de mancala é o Oware, ou nam nam, ou aminiam, considerado o jogo Nacional de Gana. O nome significa "ele casa". A lenda diz que um casal de jovens iniciou uma partida do jogo e, por estar este demorando, resolveram casar-se a fim de poder terminar a partida sem interrupções... Daí o nome.
É um excelente jogo para o desenvolvimento da capacidade matemática das crianças, bem como para noções de proporção e estratégia. Sua simplicidade faz com que seja um jogo muito popular que, lentamente, começa a ocupar seu lugar entre os apreciadores de jogo do mundo.
Um exemplo interessante, é este tabuleiro da coleção da "Origem". O tabuleiro em forma de peixe, foi feito obviamente por alguém ligado ao mar e a pesca.
Folheando o livro o "Aprender com jogos - situações e problemas", já citado, os autores deram a idéia de se fazer o tabuleiro com caixa de ovos. Especialmente para crianças é uma idéia muito interessante: elas "constroem" o tabuleiro e depois jogam com ele...
Neste mesmo livro são analisadas as possibilidades educacionais do jogo, já que o jogador "...Ao decidir enfrentar o desafio, ele envolve-se num contexto em que coordenar suas ações e planejá-las, antecipando a conseqüência de cada uma delas, são condições essenciais para vencer".
Outras denominações da mancala:
Adi – Daomé
Andot - Sudão, especialmente pela tribo Bega - é jogado no chão, com excrementos secos de camelo
Aware, Awalé, Awari- Alto Volta, Suriname
Ayo – Nigéria
Baulé - Costa do Marfim, Filipinas e Ilhas Sonda
Jodu
Kakua - Gana, Nigéria
Kalah – Argélia
Oware - Gana - era jogado especialmente pelos famosos Ashanti
Tantam - Apachi
Walu, Adji e Ti – Brasil
Wari - Sudão, Gâmbia, Senegal, Haiti
Depois de muito tempo, acabei criando "vergonha na cara" e estou colocando na página as regras para as seguintes versões de mancala:
Andot
Awelé
Jodu
Kakua
Kalah
Oware
Trata-se de um único arquivo, extraído da coleção "Os melhores jogos do mundo", em formato "pdf".
para baixar, clique no link abaixo:
REGRAS PARA MANCALA
Informações extraidas de: http://www.jogos.antigos.nom.br/mancala.asp


20:22
Felipe Luz

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